Blogue de um pretenso poeta, intelectual de cafeteria, reclamão de todas as horas e professor de Literatura por profissão (e, dizem, talento). Poemas e exercícios narrativos, crítica de cultura e maledicências ligeiras em tom farsesco. Tudo aqui é mentira.
18 de abril de 2007
Filmes, livros e farsantes
Alguém aí foi assistir ao filme O cheiro do ralo ? Sinceramente, depois de O ano em que meus pais saíram de férias, talvez seja o melhor filme brasileiro dos últimos anos. Um petardo nas consciências anestesiadas deste país miserável. E depois ainda há quem prefira coisas como Cidade de Deus ou Carandiru... Nesses dois filmes, a bosta lat(r)ina-americana passa ao largo, nas células isoladas da violência contida na periferia, na favela e na prisão. Em O cheiro do ralo, o fedor que sai dos esgotos impregna nossas roupas, nossos cabelos e o pouco que nos resta de humanidade - no sentido idealista do termo. Tudo tem um preço: a dignidade, as lembranças, o corpo, a ética. Nesse sentido, lembra por demais a atitude de certos indivíduos que se metem a escrever resenhas apontando na obra de um escritor todos os defeitos que o próprio resenhador apresenta em sua "grande obra". E "obra", aqui, está nos dois sentidos - o sublime e, principalmente, o escatológico. Há quem se venda por ninharia e ainda pose de bacana - mas, qual a novidade disso, não é mesmo?
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