Blogue de um pretenso poeta, intelectual de cafeteria, reclamão de todas as horas e professor de Literatura por profissão (e, dizem, talento). Poemas e exercícios narrativos, crítica de cultura e maledicências ligeiras em tom farsesco. Tudo aqui é mentira.
13 de agosto de 2007
Comentário atônito
Quem ainda acha que o mundo tem conserto deve urgentemente ler as páginas de Cultura dos jornais diários. Há um universo de acontecimentos de bastante relevância: cursos, palestras, saraus, lançamentos de livros etc. Só que nada disso aparece nos ditos órgãos de imprensa. Ou muito pouco. Na maior parte dos casos, as notícias sobre livros (só para ficar num dos meus campos de atuação) limitam-se a notinhas de rodapé cujos textos já estavam prontos nos releases enviados pelas editoras. Quando há uma resenha mais encorpada, é sempre de um autor que não precisa daquela resenha, a qual, no mais, dificilmente escapa do ramerrão impressionista sob disfarce técnico. Agora, infinitamente pior do que isso, só mesmo aquele texto em que o sujeito não tem NADA para comentar, fica dando voltas em torno de platitudes e lugares-comuns, e enche o espaço que falta (dois terços do total) acusando a crítica e os escritores de fazerem exatamente aquilo que ele, o resenhista, faz: propaganda de si próprio, autoproselitismo, aversão a quem pensa diferente. Não fosse o caderno de empregos, era o caso de pedir o cancelamento de todas as assinaturas dos jornais que leio.