Mas não é que, de repente, voltamos a ser uma ilha de paz no meio da turbulência?
Longe de imaginar que isto aqui vai melhorar um dia. Não vai nunca. E não adianta ir pra esquerda ou pra direita. Nem aderir ao "Cansei", ao "Cansamos", ao "Caguei" ou a que verbo vocês quiserem. A sociedade nunca esteve tão explicitamente dividida (na verdade, sempre esteve, mas os últimos anos foram pródigos em desfazer a ilusão - o que pode ser bom ou um desastre). Ou você faz parte da curriola, ou você é faz parte da "direita golpista". Ou você está conosco ou está contra nós. Há os que se locupletam, há os que assumem a esquizofrenia. Não nos permitem ficar à meia-luz, ou à meia-sombra, sob a acusação de que a neutralidade ou o exercício da crítica apartidária são atitudes vis. Da minha perspectiva, estamos na merda, que fede do mesmo jeito não importa o matiz político do emissor. Desconfio de um movimento que se diz "apolítico" (se é um movimento contra qualquer coisa, já é político), mas me dou o direito de rejeitar um outro que se diz "das massas", mas que enriquece seus líderes, e isso pra dizer o mínimo. Nunca na história vivi tamanha desesperança, mais que isso, anomia. Não tenho vontade sequer de ter alguma vontade. E estou aqui, sentado, esperando que a morte me pegue e me poupe o trabalho de agir em nome dela. Mas acho que nem isso vai acontecer.