Tenho uma ligeira impressão de que meu chefe imediato não gosta muito de mim. Até aí, nenhuma surpresa. Pago um sorvete para quem disser que foi com minha cara assim, de primeira. A coisa não funciona desse modo, não comigo. Não sou simpático, não faço o menor esforço para sê-lo. Não me socializo com ninguém - além de eu ser doentiamente tímido. De ordinário, mantenho sempre a expressão de quem acabou de tomar óleo de fígado de bacalhau ou de quem sofre de cólica renal. Não sou bonito. E, com todos esses atributos, ainda me deram o privilégio de encerrar o expediente sozinho, ou melhor, junto com o acima referido superior. É muita sorte mesmo. Agora, imagino a felicidade que tomará conta do coração dele quando eu o avisar, semana que vem, que irei faltar na terça-feira e que daqui a duas semanas, precisarei trocar de turno. Vai ser uma festa. Não vejo a hora.
P.S.: Aliás, tem coisa mais escrota que chefe?