Blogue de um pretenso poeta, intelectual de cafeteria, reclamão de todas as horas e professor de Literatura por profissão (e, dizem, talento). Poemas e exercícios narrativos, crítica de cultura e maledicências ligeiras em tom farsesco. Tudo aqui é mentira.
1 de setembro de 2008
Para guardar no caderninho preto
Pesquisa recentemente divulgada mostra que parcela considerável do público de cinema prefere assistir a filmes dublados. Da pespectiva de quem gosta de ver tudo cor-de-rosa, nada mais animador, já que, assim, estamos nos igualando aos norte-americanos, que também preferem assistir aos filmes estrangeiros dublados no idioma deles. Estaríamos nos tornando menos colonizados, livrando-nos, desse modo, do jugo do imperialismo ianque? Nem pensar, já que 90% do que assistimos nos cinemas é produto de lá mesmo. O que a pesquisa mostra, de maneira quase cristalina, é que continuamos analfabetos, cada vez mais, e que não há estatística governamental que consiga mascarar a farsa que é o ensino neste país. Preferir a dublagem não é afirmar o idioma local, a marca de nossa nacionalidade capenga, mas simplesmente é uma forma de disfarçar a incapacidade de ler as legendas e acompanhar o filme ao mesmo tempo. Um problema que pode ser, também, coisa de limítrofe. Neste caso, concordo: estamos bem próximos aos norte-americanos.