Blogue de um pretenso poeta, intelectual de cafeteria, reclamão de todas as horas e professor de Literatura por profissão (e, dizem, talento). Poemas e exercícios narrativos, crítica de cultura e maledicências ligeiras em tom farsesco. Tudo aqui é mentira.
13 de janeiro de 2010
Das datas comemorativas
Pois ontem completei 4,8 décadas de existência atribulada e atrapalhada. Recebi os cumprimentos de praxe, de gente que gosta de mim, de quem não gosta muito e de quem mais ou menos me suporta. Retribuí com as tiradas usuais, as que tratam da decrepitude, da queda inevitável de cabelos e outras coisas de maior importância etc. Dá pra dizer que a separação entre as pessoas inteligentes e as demais se faz no grau de escândalo que minhas declarações ainda possam provocar, o que se dá em escala inversamente proporcional. Mas o que dizer das sensações que a idade provecta me trouxe? No fundo e no raso, sente-se aos 48 a mesma coisa que sentimos ao completar 40: a percepção do início da derrocada, de que nos salvamos aqui e ali pelas ínfimas alegrias que algumas poucas pessoas queridas ainda conseguem nos trazer, o que não é pouco, dado o imenso mar de desgraças cotidianas. O restante a gente vai chutando enquanto pudermos.