13 de julho de 2007

Poema!

"Nem as paredes confessam"

Há tempos eu não via o sol se pôr
E hoje ele estava ali onde me refugio
Qual uma chapa de ferro esquecida sobre o fogo
Sob o manto de sólida sombra e sangue.
De onde estou vejo ruas esgueirando-se
Nas entranhas e em mortos morros
Onde vozes gritam no afã de se fazerem ouvir.
Mas o barulho das britadeiras as abafa
Junto com o caldo escuro extraído
Do asfalto - onde carros blindados rosnam.
Quem sangra, afinal, posta-se do outro lado
Da tela de TV em surdez de cristal líquido.
E atrás das paredes, no canto escuro delas,
Mastigo os ossos que me foram ofertados.