Prometi que ia falar de reencontros, pois eis-me aqui conforme o prometido.
Depois de ter feito Letras, resolvi cursar outra graduação, em Comunicação Social. Não foi a melhor experiência de minha vida, mas o saldo foi, direi bastante positivo. Conheci pessoas legais lá - ainda que eu mesmo não tenha sido uma pessoa legal, mas isso não chega a ser nenhuma novidade para quem me conhece -, travei contatos com bons professores (e muitos picaretas também), acabei tendo uma formação que hoje me permite desempenhar até que bem algumas das atividades das quais retiro meu ganha-pão. Mas o melhor, de fato, foram as pessoas. Duas, em particular, são de minha maior estima, respeito e consideração: Érica e Cris (Moá, como a chamamos até hoje). Todos eram mais novos que eu, e plenos de uma juventude que me remoçava sempre que os encontrava (daí, talvez, meus arroubos adolescentes em plena idade do juízo...hehehe!). Enfim, o tempo passou, todos ou quase todos se formaram e, em 2006, a Cris resolveu agitar em reencontro em comemoração aos 10 anos da turma. Claro que nem todos foram, o que foi uma decepção, mas nem por isso inesperada. Neste ano, marcamos outro. E mais uma vez, só um terço da turma de reviu, praticamente os mesmos de 2006. Não obstante isso, pensamos em marcar um churrasco, desta vez na casa da Érica. Trocamos e-mails e, nessa troca, algo no mínimo bizarro aconteceu...
Um de nossos ex-colegas, cujo nome prefiro declinar aqui, resolveu entrar na conversa fazendo algumas gracinhas do tipo "sempre que ouço falar em encontrar pessoas que não vejo há tempos, sinto algo dentro de mim que não sei se é saudade ou falta de dramim..." Não me recordo das palavras exatas, mas o tom era mais ou menos esse. Ok, muitos vão dizer que, sendo eu mesmo um sujeito sarcástico, eu deveria ter entendido o rapaz, mas não foi mesmo o caso. Primeiro que esse tipo de coisa a gente diz "ao vivo", na cara das pessoas, até para deixar claro que é "somente uma brincadeira", ou coisa que o valha. Por escrito, em e-mails, geralmente soa mal. Segundo que, para mim, há coisas com as quais não se brinca, e a mais importante delas é a amizade. Nada é mais valioso que isso. E manifestar desprezo, por mais que tenha sido apenas uma forma jocosa de se dirigir a nós, soou - ao menos em meu entender - desrespeitoso. Sinto muito, meu caro, mas você podia ter nos poupado dessa, sinceramente. Pior é que, com essas e outras, nem sei mais se esse churrasco vai, afinal, acontecer. Talvez o tempo tenha separado definitivamente alguns de nós, não sei. Talvez tenhamos feito de nossas vidas algo tão insano que só reste mesmo lembrar de um tempo em que fomos mais felizes, pondo de lado qualquer possibilidade de reencontro. Talvez envelhecer seja isso, encarar o passado com as tintas de um sarcasmo que só confirma o quanto estamos despreparados para o presente...