28 de outubro de 2008

Não bastasse isso ainda tem mais aquilo...

O ano está horrível para todo mundo, eu sei. Quer dizer, quase todo mundo. Projetos abortados, iniciativas postas a pique, revistas fechadas, livros que não serão editados, e assim vamos. Tudo até seria suportável - dentro dos parâmetros da economia de mercado - se não fosse o império da canalhice. Imagine a situação: um dia você está ali, trabalhando duro por uma revista ou por uma editora. No outro dia, você chega para trabalhar e, como dizia a canção, encontra outro em seu lugar. Assim, sem mais essa. Sem telefonema, sem aviso prévio, sem um mísero e-mail. Que vem depois que você escreve um, pedindo explicações. E aí, segue o balaio de desculpas esfarrapadas, incluindo um "se eu soubesse que você tinha interesse em continuar conosco..." Ah, então tá. Era o caso de perguntar isso diretamente para mim, não? Se bem que, sejamos francos, isso nem passou pela cabeça da dona fulana e seu jeito tosco de administrar uma empresa. E, sem querer rogar praga, que eu nem acredito nisso, mas tudo indica que aquela publicação não dura muito mais. Pena, pois já foi uma das mais importantes em sua área. Agora nem sabe para que lado atira, e quando o faz, faz errado. Perde colaboradores, perde amigos e vai cavando sua cova no cemitério das revistas memoráveis. Eu disse memoráveis? Sim, mas não por seus últimos anos...

22 de outubro de 2008

Das aprendizagens

Duas ocasiões em que as pessoas se revelam como realmente são: dirigindo (automóvel, moto, tanto faz) e no dia-a-dia do trabalho. Na verdade, tem mais uma: quando entra dinheiro na jogada. Tirando isso, somos socialmente contidos em tudo. (Eu ia dizer "hipócritas", "falsos", coisas assim, mas, pensando direito, o que restaria da civilização - qualquer uma - se todos nos revelássemos como somos?)

20 de outubro de 2008

Rapidíssima

Do porquê eu não acreditar na humanidade (o que inclui, apesar dos paradoxos, os advogados, economistas, jornalistas, políticos, escritores paranóicos e professores)

Porque não.

17 de outubro de 2008

Ninguém aprende mesmo...

Algumas coisas nunca mudam:
- nasce um trouxa a cada segundo;
- ninguém nunca perdeu dinheiro subestimando a inteligência alheia;
- só há duas certezas na vida: a de que vamos morrer e a de que alguém vai nos sacanear (frase que encabeça meu perfil orkuteano, e que devo à colaboração de meu colega de editora, Fernando);
- pior que cabeças de melancia só mesmo cobras criadas que não sobem escadas rolantes;
- não existe almoço grátis.

Tudo isso a propósito de uma campanha que tem mobilizado muita gente que ambiciona ter um serviço supostamente "de graça". E o povo ainda acredita nisso!

14 de outubro de 2008

Small potatoes

A respeito do último lance da campanha de Marta Suplicy, o que se pode dizer? Trata-se, sem dúvida, de um golpe baixo. Tão baixo quanto os desferidos por seus ex-adversários, em disputas anteriores. Ou quanto o de Collor contra Lula, quando ambos disputaram a presidência da República. Mas como se sabe, pimenta nos olhos dos outros... E, para completar a infâmia, vem a candidata afirmar, com a maior candura, que "não sabia de nada", que isso é "decisão do marqueteiro". Ah, me engana que eu gosto!
O teor da embrulhada faz-me lembrar de um fato ocorrido já há algum tempo, quando um colega professor teria dito a seus alunos que ele era "o único professor heterossexual do curso" (confrontado, ele teria negado tudo, como de praxe). Cabe perguntar qual a relevância disso: a homossexualidade faria um professor (ou seja lá o que for) pior? Homossexuais seriam incompetentes para exercer cargos de qualquer natureza? Para muita gente que se diz progressista, nada como um pequeno confronto para fazer cair a máscara do recalque, do preconceituoso internalizado na figura pública de pessoa "da esquerda", cujo passatempo é sair por aí acusando os desafetos de pertencerem à "direita". Assim, até eu.

10 de outubro de 2008

Dos reencontros

Prometi que ia falar de reencontros, pois eis-me aqui conforme o prometido.
Depois de ter feito Letras, resolvi cursar outra graduação, em Comunicação Social. Não foi a melhor experiência de minha vida, mas o saldo foi, direi bastante positivo. Conheci pessoas legais lá - ainda que eu mesmo não tenha sido uma pessoa legal, mas isso não chega a ser nenhuma novidade para quem me conhece -, travei contatos com bons professores (e muitos picaretas também), acabei tendo uma formação que hoje me permite desempenhar até que bem algumas das atividades das quais retiro meu ganha-pão. Mas o melhor, de fato, foram as pessoas. Duas, em particular, são de minha maior estima, respeito e consideração: Érica e Cris (Moá, como a chamamos até hoje). Todos eram mais novos que eu, e plenos de uma juventude que me remoçava sempre que os encontrava (daí, talvez, meus arroubos adolescentes em plena idade do juízo...hehehe!). Enfim, o tempo passou, todos ou quase todos se formaram e, em 2006, a Cris resolveu agitar em reencontro em comemoração aos 10 anos da turma. Claro que nem todos foram, o que foi uma decepção, mas nem por isso inesperada. Neste ano, marcamos outro. E mais uma vez, só um terço da turma de reviu, praticamente os mesmos de 2006. Não obstante isso, pensamos em marcar um churrasco, desta vez na casa da Érica. Trocamos e-mails e, nessa troca, algo no mínimo bizarro aconteceu...
Um de nossos ex-colegas, cujo nome prefiro declinar aqui, resolveu entrar na conversa fazendo algumas gracinhas do tipo "sempre que ouço falar em encontrar pessoas que não vejo há tempos, sinto algo dentro de mim que não sei se é saudade ou falta de dramim..." Não me recordo das palavras exatas, mas o tom era mais ou menos esse. Ok, muitos vão dizer que, sendo eu mesmo um sujeito sarcástico, eu deveria ter entendido o rapaz, mas não foi mesmo o caso. Primeiro que esse tipo de coisa a gente diz "ao vivo", na cara das pessoas, até para deixar claro que é "somente uma brincadeira", ou coisa que o valha. Por escrito, em e-mails, geralmente soa mal. Segundo que, para mim, há coisas com as quais não se brinca, e a mais importante delas é a amizade. Nada é mais valioso que isso. E manifestar desprezo, por mais que tenha sido apenas uma forma jocosa de se dirigir a nós, soou - ao menos em meu entender - desrespeitoso. Sinto muito, meu caro, mas você podia ter nos poupado dessa, sinceramente. Pior é que, com essas e outras, nem sei mais se esse churrasco vai, afinal, acontecer. Talvez o tempo tenha separado definitivamente alguns de nós, não sei. Talvez tenhamos feito de nossas vidas algo tão insano que só reste mesmo lembrar de um tempo em que fomos mais felizes, pondo de lado qualquer possibilidade de reencontro. Talvez envelhecer seja isso, encarar o passado com as tintas de um sarcasmo que só confirma o quanto estamos despreparados para o presente...

8 de outubro de 2008

Vocês não viram nada...

E a crise, que o Lula dizia que era "problema do Bush", chegou. Acresce que quase todo mundo acreditou em mais esse embuste, de onde se conclui que somos mesmo um país de bananas. Nanicas. Mas não fiquem felizes, porque o pior ainda não veio: a depressão em escala mundial, que vai levar à bancarrota muita gente e muito país. Espero, para variar, estar errado, mas não sei não...
Agora, o que poucos se perguntam é quem, afinal, está ganhando com essa barafunda toda? Sim, porque só um imbecil ingênuo pode acreditar que TODOS sairão perdendo com essa zona econômica. Não, queridos(as): alguém sempre ganha, e muito. E também não precisa ser muito esperto para saber quem: os especuladores de sempre. E não são os administradores da Sadia e da Aracruz, como o estúpido falastrão declarou. Essas empresas acreditaram na valorização do Real sob o império lulista. Cairam na real, finalmente. Talvez, no fundo, tenha sido merecido; afinal, quem mandou acreditar neste país e em quem o "governa"?