26 de setembro de 2009

Pensamento do dia

Amor e sexo são iguais: ambos começam fortes e pujantes, duram pouco e terminam murchos e melancólicos. Melhor dizendo: sexo dura um pouquinho mais.

22 de setembro de 2009

Outro poema

"Das incompatibilidades"

Como nasce o dia com sua chuva
Ou o sol e seus prenúncios secos
Teus olhos me encaram sem piscar
Fixa que estás no monitor que ora contemplo.
Difícil o amor em tempos como os nossos,
Difícil o amanhecer de teu olhar entreaberto,
Enredados os atalhos, embaralhados os trabalhos,
E, embora sejam iguais nossas agendas
Diversos são os ritmos que empreendemos
E quase nada caiba no que sobra
E eu me arraste em redor do que me resta
O amor (ou no que seja) feito código e virtualidade
Enquanto cai a chuva ou o sol se mostra
Mas é lá fora - onde a vida em si desacontece.

19 de setembro de 2009

Poema

"Apenas sobras"

Há momentos assim: ao nascer do dia
Ou no apagar as luzes só um buraco
Sem fundo te olha sem urgência
E, movas um dedo ou arrisques um riso,
Não haverá chuva para que brotem
As sementes que tão ciosa pousaste
Sobre o solo ainda de verde cobrindo.
Somente um sol calado e cálido
Arrastará teus dias e empedrará a seiva
E nada farás, a favor ou contra,
Porque há momentos assim, de uma
Inteira existência, de apenas sobras
Das mortas sementes que tão cuidosa lançaste.

18 de setembro de 2009

Toleima

Tem coisa mais idiota que gente que se comporta "rebeldemente" só para mostrar o quanto é transgressor?

15 de setembro de 2009

Um quase post e um poema

Pensei, num primeiro momento, em relatar algo que soube hoje, envolvendo minha pessoa e determinados conceitos que certas criaturas têm a meu respeito (ou falta de). Não que tenha sido surpresa, conhecendo a humanidade como a conheço, mas não deixa de ser chato. Desisti de escrever o post, em grande medida por conta de eu já o ter escrito alguns dias atrás, quando tratei de pessoas que precisam de atenção. Pois é, não mudou quase nada, a não ser que, no caso de hoje, talvez seja mesmo questão de aumentar a dosagem dos remédios ou internar-se de vez e jogar a chave fora. Repito: odeio (melhor: desprezo) gente que se acha tão importante que considere que EU me importe ou me incomode com elas.

Mas vamos ao poema:

Das esperas

(para M.)

Em chumbo as janelas saudaram o dia:
Arrastas teu corpo entre plúmbeas pombas
E teus pulmões se enchem das fezes e pó
Por asas e rodas trazidas de lá e cá.

O que desejas aqui não se encontra
Nem onde não esperas, muito menos quando.
Te deitas, esperando chegar o sono
Ou o gozo afogado em teu pleno escuro.

Resta-te a melodia torta que entoas
Ao fundo da sala, no ocaso do que não foi
Enquanto um jazz de desencontrado ritmo
Desanda sonhos, porvires - algum futuro.

10 de setembro de 2009

Pensamento do dia

Se eu gostasse de igrejinhas, mudaria imediatamente para uma dessas cidades interioranas onde não acontece nada, ou melhor, onde o que acontece É nada. E não aconteceu nada. Nem vai.

5 de setembro de 2009

Reflexão irrefletida - 7

Há certos tipos que têm a necessidade doentia de manter relações de amizade ou coleguismo com todo mundo. Não é o meu caso. De uns tempos pra cá, sobretudo, ando prescindindo disso e radicalizando. Em bom português: ou gosto ou desgosto. Não sei se é a idade ou o ceticismo, mas ocorre que, tão logo eu ponha os olhos na figura, já posso dizer se presta ou não. Raramento erro. E, de quem eu gosto, sou capaz de mover o mundo. Claro que a contraparte é a de eu sequer tomar conhecimento daqueles de quem não gosto.
Esse preâmbulo todo (e o Fernando vai achar alguma verdade nisso, que eu sei) é para manifestar meu asco em relação a gente que precisa de atenção. Da sua. Ou melhor, da minha. São capazes de qualquer coisa: esbarrar com você em praças (esbarrar mesmo), falar mal de você para todo mundo, gritar por aí que você não dá atenção à insignificância do desprezado e por aí vai. Muitos poderão objetar que bastaria eu responder ao apelos da figura, quem sabe respondendo ao "bom dia" altissonante, que a chatice terminaria. Mas não. Gente assim, tão logo você abra a brecha da porta, já entra na sua sala, deita no sofá, tira os sapatos, abre sua geladeira, urina fora do vaso e ainda chama você por um apelido que ele mesmo criou. Ou seja, manifesta sua verdadeira face de folgado. E não duvido que, pelas suas costas, continuaria falando mal de você, da bagunça da sua casa e da cerveja pouco gelada. Há quem ache tipos assim engraçados. Eu não, até porque já conheço o enredo do pastelão que virá.