29 de setembro de 2006

Comentário do dia

É bonito posar de defensor das minorias. Dá audiência. Angaria prestígio. Pena que nada disso venha acompanhado de atitudes condizentes. De que adianta se dizer "do povo" quando, para se diferenciar dos demais, você proclama sua condição heterossexual como qualidade positiva? De que adianta se misturar às massas, se tudo o que você consegue fazer é aquele angu indigesto - resultado de sua imaturidade e incapacidade de viver socialmente? De que adianta se proclamar vítima de perseguição, se você a provoca, com suas regurgitações públicas e sua empafia majestática? Talvez um poderzinho a mais, um tempo extra na banheira suja na qual se refestelam você e os demais apaniguados. De ilusão também se vive.

26 de setembro de 2006

Pequenas frases históricas, por Mr. Eggman

"Diante de minha posição no contexto cultural inglês, é de espantar que ainda não me tenham chamado para uma representação diplomática, como adido, no Senegal..."

"Acolhida com entusiasmo pelas massas insossas, minha proposta de ministrar um curso de cultura pré-pós-pop-híper-moderna abordará aspectos do cinema, da música (erudita e popular), da literatura, da televisão, das novas mídias, do futebol, da sinuca e do carteado na instância da descontinuidade da desconstrução tal como preconizada pela filosofia contemporânea do último século..."

"Aliás, toda a produção futebolística inglesa padece de um excesso de atitude expositiva, além de de apresentar traços de um reacionarismo político nocivo ao reinado de Sua Majestade. Por falar nisso, não esqueçam de, na saída, comprarem o vídeo desta conferência!"

"Há males que nunca vão. E malas que nunca chegam que lhes baste."

Obs.: Mr. Eggman é um ser fictício, sem qualquer relação de semelhança (que, se ocorrer, será totalmente acidental) com pessoas, vivas, mortas ou mesmo as muito vivas. Na verdade, a idéia me ocorreu ao ler o último livro de Bretch lançado aqui no Brasil - Histórias do Sr. Keuner. O espírito era mais ou menos esse. Se não funcionou, isso se deve às limitações deste escriba.

23 de setembro de 2006

Como ser um escroto em oito lições práticas

1. Construa uma imagem para si, de preferência que faça de você um defensor das minorias, dos pobres, dos frascos e dos comprimidos. Também vale aquela em que você posa de sábio, de intelectual - preferencialmente de esquerda.
2. Escreva livros ou dê palestras a respeito daquilo que acham que você sabe. Consultorias e programas de televisão, mesmo que de TVs educativas, valem ouro. Ou vire líder sindical, que dá no mesmo. Neste caso, e dependendo do sindicato, vale cultivar a imagem de tosco, meio pornográfico, grosseirão, que "fala como o povo".
3. Faça amigos que detenham algum poder em postos-chaves da máquina estatal ou de instituições privadas. Bajule-os o mais que puder, sem parecer que o faz.
4. Instigue seus subalternos contra os demais chefes. Conte mentiras, calunie, difame, aumente. Vale tudo. Se vierem interpelá-lo, negue tudo e escreva (ou pague a um ghost-writer) um artigo em que você reitera sua retidão comportamental, moral e ética. Se puder, faça um discurso falando de sua inocência e da trama que a oposição está armando contra sua genialidade e demais condições pessoais.
5. Diga o quanto você é macho, sugerindo que os demais não o são, e dando a entender que essa última condição é um demérito para o exercício de qualquer profissão ou cargo público. Faça piadinhas a respeito das peculiaridades de uma cidade qualquer.
6. Instigue seus subalternos contra os demais chefes. Conte mentiras, calunie, difame, aumente.
7. Cumprimente todo mundo, em público, para que as pessoas vejam o quanto você é de boa índole. Depois, não se esqueça de contar mentiras, caluniar, difamar etc. Nada como ter as massas agindo a seu favor na hora H.
8. Faça-se de vítima.

Obs.: evidente que isso não se aplica a nenhum caso concreto, nem da esfera pública, muito menos no âmbito da privada, ops, da esfera privada. Trata-se apenas de ajustar as carapuças, caso largas ou justas além da conta.

21 de setembro de 2006

Mais notas ligeiras, que a semana anda brava!

A ironia é você perceber que, quanto menos trabalha, menos tempo tem para fazer o que precisa ser feito.

Todos temos necessidade de ser amados. Dona Escrotinha, entretanto, precisa ser idolatrada - posto que nada tenha a apresentar senão sua própria miséria de caráter e seu ego tão descomunal quanto sua derriére. Complexo de divindade ou de inferioridade, vocês escolham.

Não importa o que você faça, não vai funcionar mesmo.

Em face dos últimos acontecimentos, a mera possibilidade de o embusteiro-mor desta nação poder continuar desfilando suas platitudes e perpetrando o assalto aos cofres públicos via aparelhamento do Estado deveria se constituir num escândalo. Mas somos um país composto por uma parcela imensa de idiotas, e que sentem prazer nessa idiotia. Não sei o que é pior: se essa passividade bovina, ou se as justificativas dos ditos intelectuais para a permanência do embusteiro.

Só tem coisa ainda pior: pessoas que discordam de você apenas pelo prazer (algo sexual, me parece) de discordar. Não têm o menor argumento, mas precisam dizer a palavrinha mágica: "mas..."

O calor deu uma amenizada. E isso é para que não digam que só sei criticar. Já disse: quem gosta de calor é lagarto, barata e efemérides. E quem tem piscina em casa ou mora perto da praia.

14 de setembro de 2006

Notas ligeiras

1) Abriram a porta do Inferno e esqueceram de fechar.
2) A melhor profissão do mundo deve ser a do tradutor de filmes pornôs: ganha para trabalhar cinco minutos ou para traduzir duas frases.
3) Diga com quem andas e eu te direi quem realmente és. Há os que, para ganhar um lugarzinho ao sol (e desenvolver um câncer de pele), são capazes de vender a mãe. Mas começam a vender a si mesmos, e isso é tudo.
4) Amizade se conquista a partir da confiança, e não com tapinhas nas costas e ameaças. Muito menos com arrogância e arroubos ditatoriais. Mas há quem pense diferente.
5) Pior que isso é quem se alia, por conveniência ou ausência de caráter, ao poderzinho instituído.
6) A ausência de elos coesivos neste post é fruto da morte de metade dos neurônios deste escriba. Eu devia mesmo é entrar com pedido de indenização por insalubridade, mas vai que dá certo...

13 de setembro de 2006

De volta aos poucos...


Semana atribulada: tudo por fazer. Mas sempre sobra um segundo para postar neste blogue...

1. Papel jornal é um artigo muito caro para ser desperdiçado com platitudes ou ausência de idéias. E, no entanto...
2. O 11 de setembro passou de novo. Grande coisa.
3. O MST diminuiu o ritmo de suas invasões para não prejudicar a campanha do atual Presidente. Pior é que ainda há quem acredite nas boas intenções dessa gente.
4. Falei que o calor voltaria? E, com ele, os insetos voadores. Já disse: se calor fosse bom, as baratas não proliferariam justamente nesse clima...
5. Há aqueles cujo ego é tão grande que não conseguem sequer fazer uma curva fechada. E precisam demonstrar sua magnitude a cada instante - mesmo sendo ridículos. Gente assim precisava apanhar "de cinta", como se dizia antigamente.
6. O uroboro. Resumo iconográfico da semana. Vocês decifrem esse código, ora essa!
7. Odeio marketing, propaganda e tudo que for relativo a essa nobre atividade. É questão pessoal mesmo.

Em tempo: eu também aderi à campanha Xô, S...! Gostaria, entretanto, que ela se estendesse a outras figuras tão hediondas quanto, cujos nomes não reproduzo aqui para não contaminar este blogue ainda mais.

5 de setembro de 2006

Às portas de um feriado!

Quando eu era criança, o comércio do bairro se concentrava nas chamadas quitandas - lugar onde se encontrava de tudo um pouco, incluindo balas e doces. Funcionavam bem, ao menos enquanto a cidade não era a monstruosidade na qual se tornou. Algumas resistiram à passagem dos anos, teimando em manter o caderninho dos devedores, a caixa feita de madeira (onde era guardado o dinheiro de cada dia), a bagunça das prateleiras altíssimas, aquele ar caseiro de improviso. Mas estão sendo passadas para trás, pelos supermercados, pela informática, pelo avanço do capitalismo (tardio, entre nós). Permanecem aqui e acolá, o quitandeiro e sua mulher, o moleque que lhes auxilia, o cheiro das coisas que, se não morreram, já o deveriam ter feito. O pior mesmo é o moleque, a cara de bolacha, agarrado ao servicinho sujo que lhe cabe. Não há como ter saudades disso...


Vamos todos assistir ao desfile cívico? Pois é, quem diria que veríamos, repetida, a sensação que tínhamos nos idos de 1972, 1973...? Vai piorar? Ah, mas não tenham dúvida.


Prepotência parece ser a palavra de ordem. Isso vale para zeladores, cozinheiros, professores, milionários de jaez revolucionário, políticos em geral etc. etc. Vamos, assim, copiando mais uma vez determinada prática social de nossos irmãos do Norte, que sobre ela criaram mais outra indústria... Democracia é uma palavra muito bonita, mesmo na boca de um ditadorzinho em potencial. Ou, como disse um importante pensador, evidentemente tratando de outro assunto: "trata-se de um conceito fácil de se pronunciar, mas de difícil realização" Ao que acrescentaria eu: ainda mais dito por pessoas que não vêem a hora de botar na rua seus bofes autoritários, os quais disfarçam sob a capa da inocência ou da ignorância.


Falei em feriado? Mas onde é que eu estava com minha consciência????

4 de setembro de 2006

Nota relevante

Dois mil visitantes? Isso até mereceria comemoração, não estivesse entre esses 2.000 gente que eu não convidaria para meu funeral... Mas, aos amigos e amigas que eventualmente me visitam (mesmo que privados dos comentários), meus agradecimentos! Em breve voltaremos à nossa programação normal...

1 de setembro de 2006

Até que enfim...

... é sexta-feira!
Mas vale dizer que não foi uma semana das piores. Claro, fui ameaçado de morte, sofri emboscadas, assédios morais; enfim, nada que fugisse dos padrões normais de uma existência igualmente comum. Registro aqui o ramerrão costumeiro: aulas para turmas interessantes e interessadas, com as desonrosas exceções de praxe. A última moda é fazer exercícios de outra disciplina enquanto você se esgoela tentando dar conta da parte que lhe cabe neste latifúndio. Ou ficar trocando mensagens pelo celular, idem, idem. Dá vontade de perguntar uma dessas coisas:
a) O celular é novo?
b) Você já ouviu falar numa nova modalidade de competição? Chama-se arremesso de celular. Ganha quem conseguir espatifar o aparelho em mais pedaços. Me empresta o seu para eu fazer uma demonstração?
Mas, claro, não posso fazer isso. Não nesses tempos chicaneiros em que arrastamos nossas carcaças. Houve um tempo em que viver era apenas "muito perigoso"...

Tem feito frio. Infelizmente vai durar pouco e o que se seguirá é uma seqüência medonha de dias quentes e melados. E não tem nada mais disgusting que gente suada. Ou melhor, tem; mas vamos deixar esse assunto de lado.