26 de novembro de 2006

Pois então...

Nesse meio tempo: o Milton Hatoun ganhou outro prêmio, o invasor deste blogue levou o terceiro lugar (muito embora seu último livro tenha sido um fiasco - mas concursos literários sempre têm esse lance do imponderável e do inexplicável...), o São Paulo consagrou-se campeão brasileiro de 2006 (ainda que pudesse ter ganhado a Libertadores), fui a Uberlândia passar calor e apresentar um trabalho, tive problemas gastrointestinais (mas por conta de um pastel insidioso...hehehe!), vi que tem muita gente boa com trabalhos de boa qualidade pelo Brasil, vi também que a quantidade de ruindades ultrapassa exponencialmente as coisas boas, e por aí vai. E que não tem nada melhor que dormir, sob um calor insuportável, com o ar condicionado ligado. Os ecologicamente corretos que me desculpem, mas não vou dormir de janela aberta para sentir a brisa que não havia...
Aliás, nesse papo de "politicamente corretos", caímos na possibilidade da ditadura petista mais e mais ganhar músculos. Isso é péssimo para a democracia - pelo menos para aquela idéia feliz que ainda temos dela -, já que faz descrer da possibilidade de que a vida possa ser melhor sob seus auspícios. O problema é que ela (a democracia) dá trabalho, exige vigilância, e não conheço um malandro neste país que esteja disposto a fazer algo que não seja pelo seu próprio bem. É por isso que alguns ganham destaque e outros ficam no limbo.

25 de novembro de 2006

De volta.

O simpósio em Uberlândia foi bom. Fez um calor do capeta, tive de bancar o coordenador do Grupo de Trabalho do qual participei, não tive ânimo de sair do périplo hotel-congresso-jantar-hotel, mas tudo correu bem. Não entreguei o trabalho apresentado, mas devo mandar uma versão melhor para a revista do Instituto de Letras. E me desliguei de celular, e-mail, orkut, essas coisas todas. Sequer consegui ler jornal. Mas reencontrei antigos colegas, agora professores em outras instituições espalhadas pelo país, vi trabalhos interessantes, tomei sorvete de milho verde e comprei queijo. E o melhor: meus vôos, tanto de ida quanto de volta, não atrasaram. Deu uma certa muvuca na chegada em Congonhas, mas isso já era esperado. De modo que estou de volta, trazendo na bagagem uma e outra coisa nova. Mas deixa eu desempacotar tudo...

Drika, não tenho a menor idéia de como fazer seu nome aparecer como você gostaria que fosse... Nessas coisas da vida digital sou um quase analfabeto. Bem, melhor isso do que se achar um grande escritor e fazer lobby para tentar ganhar prêmios, e nem assim...

18 de novembro de 2006

Um intervalo para nossos comerciais...

Semana sem novidades: basta dizer que estarei em Uberlândia, na Universidade Federal de lá, participando de um simpósio de Letras e Lingüística. Vou apresentar uma comunicação a respeito dos contos de Marçal Aquino, coisa básica. Fiquem aí quietinhos(as) que eu voltarei logo, e repleto de notícias...

14 de novembro de 2006

Algumas mensurações básicas...

A medida do seu envelhecimento é dada quando você não consegue mais passar uma noite em claro e, no dia seguinte, dar uma aula que preste.
O grau de insanidade de uma pessoa se mede na justa medida da necessidade dela (a pessoa) ficar se exibindo para gente que não está ligando a mínima para ela - a não ser para ridicularizá-la.
Mensura-se o senso de elegância de alguém pela quantidade de terninhos idênticos que tal figura tem em seu guarda-roupas. Quanto mais, pior.
O escritor fracassado se mostra quando este precisa histericamente demonstrar que tem alguma relevância no mundo cultural. Quanto maior a gritaria - de preferência acompanhada de olhos esbugalhados e cara ensebada - tanto pior sua obra. Ou mais farsesca.
Quanto mais mansa a fala, mais calhorda é a pessoa. O que não significa que os gritalhões sejam menos fdpês, claro!
A prova de que o homem realmente descende do macaco reside nas figuras que a gente encontra por aí, cujas feições e/ou comportamento, não passam de resquícios da vida sobre as árvores... Vocês não têm um colega ou conhecido (serve vizinho de vaga em garagem de condomínio) algo simiesco? Pois é...


Obs.: lay-out novo nesta bagaça. Cara nova para comemorar o exorcismo que aqui foi feito. Xô, fantasmas!

9 de novembro de 2006

Mais poema.

"Da solidão"

Hoje acordei com teu sussurro
Fazendo riscos na paisagem de chumbo
Que eu insistia em esboçar.
Mas me virei, sentindo o gosto
Dos sonhos mal digeridos
E tu não estavas ali, e a janela
Me trazia um céu de sangue
Borrado enquanto crianças gritavam
E metais se retorciam
Em água e óleo e silêncios
Sujos que a chuva não lavava.
Há dias assim: de espaços
Impreenchíveis, de vozes
Que vêm sem mais - olho sem íris -
Em que o sol se abre
Para bocas secas e sem dentes,
Fendas que se fizeram de repente.


Ontem fui testemunha de um desastre que certamente passará à história como o novo "dia em que a música morreu"...

6 de novembro de 2006

Poema. Sim, porque este é um blogue de (má) literatura!

"Dos ocos"

Porque, decerto, os míopes
Comem cereais dormidos ao fim da noite,
E junto ao meio-fio das avenidas
Os cegos andam, brandindo
Suas bengalas retráteis.
E para as paredes do prédio próximo
Abrem-se minhas janelas,
E dentro pessoas vêem TV
Ou mastigam o bolor no pão de cada dia,
Ou sonham com facas e outros objetos
Incisivos, ou trepam furiosamente
Com os pôsteres de mulheres
Amareladas de uso e prazo.
Porque, decerto, o oco que és,
Voz que vaza de tuas tripas,
Queda no asfalto onde
Nem crianças nem cães cagam,
Onde os nervos, expostos, pulsam sem ritmo
E, cobertor desastrado, tropicas
Em tristes tópicos catando o que resta
Da gosma (qual lesma) - de rastros -
Entre livros, e travos,
E egos despedaçados.


E não é que este blogue chega hoje aos 3.000 visitantes?