28 de março de 2007

Reflexão rápida

O mundo corporativo é insensível. E exige cada vez mais, sem nada dar em troca. Não poderia ser diferente, já que o universo de trabalhadores sempre foi maior do que as vagas oferecidas. É da lógica do capitalismo, como sabe qualquer estudante recém-ingressado num curso superior razoável. Incrível mesmo é haver quem ainda ache existir espaço para qualquer coisa que não seja o interesse puro na exploração da mão-de-obra abundante (epa!) e na constituição da mais-valia em sua forma mais abjeta. Santa ingenuidade, diria Robin. Mas você sempre acha gente que pensa (sic) assim, que o patrão deveria levar em conta algo além do lucro, da otimização máxima da força de trabalho na geração de riquezas. Nunca foi diferente, por mais que empresários aparentemente bem intencionados digam o contrário, ou entoem a ladainha de sempre em torno do "espírito de equipe" e do "crescimento conjunto da empresa e do funcionário". É tudo muito bonito, principalmente quando o besteirol vem acompanhado de frases do tipo "tudo pelo social", "responsabilidade social", "qualidade etc. e tal", e platitudes do gênero. Mas é sempre a mesma velha exploração.

27 de março de 2007

Notícias do "front"

Foi no sábado, no decadente Clube de Regatas Tietê, a cerimônia do colação de grau das últimas turmas de Letras da faculdade onde trabalho. "Últimas", aqui, está no sentido literal. Não sei se haverá outras. E, se houver, creio que não se darão ao trabalho de fazer esse ritual todo - que é caro e muitas vezes aborrecido. Respirava-se um certo ar de fim de festa. Mas as meninas estavam lindas, felizes a despeito de todos os problemas enfrentados para realizar aquela festa, que, afinal, era delas. Lamento meus colegas terem tomado atitudes intempestivas de não prestigiar o evento, mas cada um sabe onde aperta o sapato - para ser elegante. Lamento não ter falado com todas elas naquela noite. Lamento ser obrigado a não ter mais aquelas moças por perto, me incentivando a tornar-me um professor melhor do que sou. E agradeço, mais uma vez, a honra de ter sido o paraninfo de uma turma de Letras - a última. A gente se vê por aí, pela vida...

20 de março de 2007

A gente se esbarra por aí...

Imaginem a cena: eu entrando no prédio "daquele lugar", tentando tirar um cisco do olho. Em direção oposta, o escritor ganhador de prêmios - futuro Nobel, essas coisas. No que me dou conta, recebo um safanão no ombro direito que quase me joga no chão. Três passos adiante, o escritor gritando bem alto, mas sem se aproximar e ver se tudo estava bem: "desculpa aí! Desculpa aí" Olhei para trás e vi o sorrisinho maroto de moleque que acabou de fazer arte, como se dizia antigamente. E ainda tem gente que acha que ele vale alguma coisa...

Não há o que fazer nesse tipo de caso. Poderia ter me jogado realmente ao chão, feito um escândalo, B.O., mas querem saber? É tudo o que ele quer: ser o centrinho das atenções. Melhor mesmo ignorar. Mas aí me vem o seguinte: se eu sou tão insignificante para ele, por que tanto trabalho em chamar minha atenção? É, eu sei a resposta...hehehe!

Por que divulgar tal notícia aqui? Porque é preciso, ao menos, registrar a baixeza de certos tipinhos. Para que isso não caia no esquecimento. Para que outros não sejam enganados.

Ah, não deixem de ler o poeminha abaixo, heim?

19 de março de 2007

Mais poema!

"Pequeno registro edificante"

para R.L.

Os ratos se recolhem cedo
Enquanto a tarde desaba esmagando
Pernas e cabelos colados ao vidro.
Olhos miúdos te acompanham
Na cegueira de intestinos ao léu
E te desvias do caldo de fezes
Sangue e sêmem - mas teus sapatos
Dançam um pouco ali sem que caias.
Nada que as moscas não. Que eretos
Dedos deixem de apontar. Que o sol
Não queima ou vermes não roam.
Precisas disso. E te gestas
Nos miúdos e nos restos.
Naquilo de que só tu és feito.

13 de março de 2007

Poema, depois de muito tempo...

Dos trincos

Ando temeroso pelas ruas da cidade
Mesmo quando o sol nos esbofeteia
Ou à noite, desviando nas calçadas
Da merda nelas largada - suspensa
A respiração, enquanto pessoas aos
Grupos falam alto e seus gritos
Chegam às janelas onde me refugio.
E nos telhados gatos gemem e trepam
Aos guinchos e há um barro que a chuva
Leva aos baixos e aos canos.
Mas quem diz que pode ser diverso?
O que sussurram os beirais dos pesadelos
De privadas falas? Deus não existe
Mas tem inúmeros representantes
Na TV e em programas de rádio.
À parte isso, crianças são dilaceradas
E sempre é possível levar um tiro perdido
No meio da cara.
(Nesse momento tranco a porta
E verifico a trava das janelas.)

9 de março de 2007

Voltei!

Apesar de terem anunciado minha morte, ela ainda não aconteceu. Os problemas de sempre: indefinições na vida profissional, acadêmica e que tais. Mas acho que até julho o panorama muda. Só espero que não para pior...