23 de dezembro de 2008

O fim

Olha, não quero estragar as festas de ninguém, mas alguém já parou para se dar conta do tsunami de coisas ruins que vem chegando? Não se trata nem mais de inflação, ou recessão. O que vem é uma depressão terrível, talvez pior que a de 1929, e que não vai deixar pedra sobre pedra. Há quem prefira fechar os olhos, fazer piadinhas com sapatos alheios, dizer que a gente "sifu" e depois dizer que não, mas que a coisa está e vai ficar brava, ah, não duvidem que vai.
Há alguns meses, quando a crise começou a explodir, este que vos escreve já dizia algo semelhante, embora torcesse para que nada daquilo se confirmasse. Mas não deu outra: por empáfia, imprudência ou incompetência, esse governo (sic) que aí está, que se diz tão diferente daquele que o antecedeu, nada fez para conter o impacto, que por ora não causou maiores estragos justamente porque copiou ou manteve tudo aquilo que já "estava lá": política econômica, políticas sociais etc. Com a desfaçatez de dizer que aquilo era criação dos gênios do partido. Agora já se vê que a blindagem não vai ser suficiente e que tempos ruins nos esperam. Será que nem assim as pessoas deste país irão acordar? Nosso passado histórico diz que não, que continuaremos pastando bovinamente, esperando que "o governo" nos resgate e nos coloque no caminho da salvação. Diante disso, nada resta a dizer senão... um feliz 2009!

17 de dezembro de 2008

Melhor não...

Ainda bem que a semana está acabando e eu não vou mais precisar sair de casa até o início do ano que vem. Está cada vez mais difícil suportar as ruas cheias de gente. Aliás, tudo cheio de gente. Nem pro banheiro você pode mais ir sem ter de esperar na fila. Devem todos estar à procura do emprego que perderam com a crise, que o Lula chamou de "marolinha". Já estou vendo muitos esticando o pescoço pra não morrerem afogados. Boas festas? Ah, vão esperando!

13 de dezembro de 2008

Depende do ângulo

Tudo pode ser uma questão de ponto de vista: há quem diga que o otimista é aquele que vê oportunidade na crise, enquanto o pessimista vê na crise o início do abismo. Mas bem pode ser o oposto: o otimista é aquele que se recusa a acreditar que o poço tem fundo, ao passo que pessimista não apenas tem certeza de que há como vai demorar muito para se chegar lá só para aumentar a angústia e o desespero. Aqui, a lembrança da velha piada: se só tivermos merda para comer, o otimista vai erguer as mãos para o céu porque ao menos não vai morrer de fome; o pessimista dirá que não haverá merda para todo mundo... A visão corporativa tende a vender a imagem positiva do sujeito que não se deixa entregar e não se conforma com a situação. Mas quem disse que o pessimista se deixa levar pela inação? O bom pessimista é aquele que, já prevendo o pior, se prepara para isso e não se deixa surpreender pela desgraça (que virá, com certeza). Verdade é que, neste mundo do pensamento único, ninguém mais pode dizer nada negativo que se torna vítima de suspeitas de pertencer à "direita" e à "elite branca e conservadora". E assim vamos.

11 de dezembro de 2008

Sabedorias sem sal

Você sabe que está perto de morrer quando nada - absolutamente nada - causa espanto. Só tédio.

6 de dezembro de 2008

Reflexão irrefletida - 3

A melhor frase a respeito da relatividade do conceito de deus me foi dada pela Lúcia, lá da editora Saraiva: "Quando o paciente é curado da doença, os parentes todos dizem 'Graças a Deus!'; se o infeliz morre, a culpa é do médico incompetente que cuidou dele." Por que não pode ser o contrário? Outros dirão que ambas as ocorrências são fruto da vontade divina - no que, pelo menos, terão alguma coerência. Mas como eu já disse há tempos, "coerência é para as máquinas". Assim, sendo, voltamos ao velho problema de que a divindade foi erguida à nossa imagem e semelhança, e não o oposto, como dizem alguns textos sagrados. Digo isso porque, entre outras, depois de passar incólume por todas as viroses do ano, acabei de pegar uma, daquelas ótimas. Não tem nada a ver, mas é um excelente pretexto para afirmar, mais uma vez, uma de minhas descrenças básicas.

3 de dezembro de 2008

Receita para enlouquecer

Trabalhe, com necessidade de presença, em pelo menos dois lugares. Pegue três, quatro, cinco outros trabalhos eventuais para fazer em casa. Tente manter a vida afetiva, familiar e social. Vale a pena tentar terminar aquele livro. E escrever mais outros dois. Por fim, peça a uma amiga que faça um favor a você e torça para ela não fazer ou atrasar todos os prazos. O resultado não tardará a surgir. Sirva quente.