5 de setembro de 2006

Às portas de um feriado!

Quando eu era criança, o comércio do bairro se concentrava nas chamadas quitandas - lugar onde se encontrava de tudo um pouco, incluindo balas e doces. Funcionavam bem, ao menos enquanto a cidade não era a monstruosidade na qual se tornou. Algumas resistiram à passagem dos anos, teimando em manter o caderninho dos devedores, a caixa feita de madeira (onde era guardado o dinheiro de cada dia), a bagunça das prateleiras altíssimas, aquele ar caseiro de improviso. Mas estão sendo passadas para trás, pelos supermercados, pela informática, pelo avanço do capitalismo (tardio, entre nós). Permanecem aqui e acolá, o quitandeiro e sua mulher, o moleque que lhes auxilia, o cheiro das coisas que, se não morreram, já o deveriam ter feito. O pior mesmo é o moleque, a cara de bolacha, agarrado ao servicinho sujo que lhe cabe. Não há como ter saudades disso...


Vamos todos assistir ao desfile cívico? Pois é, quem diria que veríamos, repetida, a sensação que tínhamos nos idos de 1972, 1973...? Vai piorar? Ah, mas não tenham dúvida.


Prepotência parece ser a palavra de ordem. Isso vale para zeladores, cozinheiros, professores, milionários de jaez revolucionário, políticos em geral etc. etc. Vamos, assim, copiando mais uma vez determinada prática social de nossos irmãos do Norte, que sobre ela criaram mais outra indústria... Democracia é uma palavra muito bonita, mesmo na boca de um ditadorzinho em potencial. Ou, como disse um importante pensador, evidentemente tratando de outro assunto: "trata-se de um conceito fácil de se pronunciar, mas de difícil realização" Ao que acrescentaria eu: ainda mais dito por pessoas que não vêem a hora de botar na rua seus bofes autoritários, os quais disfarçam sob a capa da inocência ou da ignorância.


Falei em feriado? Mas onde é que eu estava com minha consciência????