20 de setembro de 2007

Breves considerações em torno de nada

Se eu ainda me surpreendesse com alguma coisa, talvez fosse com as insistentes provas que a humanidade me dá de sua inviabilidade. Imaginem a situação: dois sujeitos conversando a respeito de um assunto sobre o qual nenhum dos dois entende nada. Um ainda argumenta ao dizer que está "no começo do livro" que trata do tópico da discussão. O outro - e é aí que todo o potencial humano se fez luz - rebatia meio aos brados (embora fosse o natural dele) falando que discordava daquelas idéias. E eu ali, entre os dois, querendo chegar logo ao metrô pra ver se me livrava daquela chatice infindável. Ainda bem que já era de noite e nenhum dos dois podia distinguir minha expressão de enfado. Aliás, nem que ambos estivessem tratando da chegada do messias eu teria feito outra expressão. Primeiro, que não acredito nisso. Segundo, que nada neste mundo me tira a certeza de que chegamos ao fim da linha. E, diferentemente do que eu mesmo imagino, me parece que o mundo não vai acabar numa bola de fogo. Vai acabar, é sim, num bocejo. Um único e longo bocejo.