15 de dezembro de 2007

Não

Eu não acredito em coelho de páscoa, em papai-noel, em feliz ano novo, em coleguismo no trabalho, em cerveja depois do expediente (nem na cerveja, nem no expediente), na confiabilidade das salsichas, em rótulo de produtos comestíveis, na palavra do balconista. Não acredito em deus de qualquer espécie, nem do diabo, muito menos em igrejas e padres, pastores, sacerdotes e assemelhados. Não acredito em parada gay, em heterossexual, em homens, mulheres, crianças, e, mais que qualquer coisa, em velhos. Sobretudo, não acredito em escritores - principalmente aqueles que se metem a contar histórias de gente tão maluca quanto eles. Não acredito em espíritos, em passes, em guias, em santos, em "energias" positivas ou negativas (a não ser que estejamos nos referindo à eletricidade). Não acredito na bondade desinteressada. Não acredito na maldade sem explicação. Mas, para não dizer que desacredito de tudo, posso dizer que acredito na infinita capacidade de o ser humano ser estúpido, imbecil e autodestrutivo. E não porque o mal nele habita, mas porque cada ser vivo nada mais faz que confirmar sua própria natureza. Nisso, talvez, eu acredite.