5 de dezembro de 2009

Desastres

Para não perder o costume, desastres cometidos a granel. Falta-me o senso da medida e do ridículo. Verdade é que a idade pesa mais que saco de arroz de cinco quilos depois de quinze andares subindo pelas escadas. Mas eu sempre tive comigo essa condição exagerada, hiperbólica e apaixonada. Doença de que tento me curar com doses cavalares de observações amargas, tiradas irônicas, olhares cínicos e ceticismo sob as unhas. A régua da descrença se faz com toneladas de uma fé no que não pode ser. Nem todo mundo pode ter aquilo que deseja. Na verdade, quase ninguém. E o que nos move senão essa ilusão no porvir? Estou vivo, decerto. Mas há tempos que isso não me serve de consolo. Face a isso, pouco resta, senão o sono. E que ele não demore a vir e a me levar.