22 de junho de 2010

Carta a meu desafeto

(Atenção: o texto a seguir é ficcional. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência. É preciso dizer isso sempre, que saco!)
Z:
olha, cansou. Nunca entendi bem essa sua necessidade de que eu reparasse em sua existência. Talvez seja complexo de inferioridade, alguma forma de compensar a ausência, em você, de atributos físicos e/ou intelectuais dos quais só você mesmo se convenceu. Quando, finalmente, percebo que você existe, me dou conta de que eu era apenas um objeto de suas neuroses, que você via em mim algo que com certeza você nunca seria nem será. Até tentei ser seu amigo, mas desde o início você me enfiou numa rede de mentiras e de histórias enviesadas das quais até hoje não sei separar o falso do eventualmente verdadeiro. Quando achei que você havia desistido de vez em tentar me sacanear, eis que recebo um recado seu dizendo que queria meu e-mail para que você pudesse bloqueá-lo. Como coisa que eu, em algum momento insano, iria escrever alguma coisa para você, ainda mais levando em conta que eu havia bloqueado você bem antes. Mais engraçado é eu fornecer meu e-mail - que você tem ou tinha - para sua finalidade amalucada. Quer me parecer que, na verdade, você ainda queria me atazanar a vida mais um pouco e inventou esse pretexto com esse único fim. Não posso dizer que não fico aborrecido, pois talvez tivéssemos alguma possibilidade de configurar algum trabalho conjunto, quiçá uma amizade. Mas você, como sempre, conseguiu destruir tudo com sua paranoia, sua neurose, seu orgulho de pseudopensador das esquerdas e das classes oprimidas. Fiquemos assim: guarde-se para seus raros amigos, aqueles que entendem seu complexo de feiúra e sua mania de grandeza. E, por favor, não me procure mais, não entre em meu blogue, não me mande mensagens, e-mails, o diabo. Viver já está complicado demais, e eu realmente não preciso de mais uma figura maluca a cruzar meu caminho.
Atenciosamente,
R.