29 de julho de 2010

Das férias - 2

Toda vez que vocês comprarem um pacote de viagem e, na última hora, a agência chegar com uma conversa de que você recebeu um upgrade, liguem todos os alarmes. É certo que vocês caíram no golpe do realocamento. Às vezes é isso mesmo, mudaram vocês de um hotel mais distante do centro para outro mais próximo, o que foi nosso caso. Isso não significa que o hotel seja melhor, como também comprovamos. Começa que não tinha restaurante. Bom, vocês vão perguntar pra que cargas d'água quereríamos comer comida de hotel, que é quase sempre mequetrefe. Respondo: sempre tem aquela noite na qual você está com preguiça de se deslocar até o centro da cidade, daí a importância dessa pequena comodidade. Também não tinha piscina. Ok, eu não iria a Gramado pra entrar na piscina, mas no hotel anteriormente reservado havia uma. De modo que, se upgrade houve, ele ficou apenas na localização do novo hotel, de fato bem mais perto do centro da cidade, o que tem lá sua comodidade. Mas eu falava de restaurantes...
De um modo ou de outro, quase todos os lugares razoáveis de lá buscam o hóspede e o levam de volta ao hotel. E de graça. Quer dizer, embutindo o custo dessa mordomia no preço da refeição. Mas só uma vez fizemos uso disso, quando saímos uma noite pra comer fondue, ou melhor, uma sequência de fondue. Na ótica dos entendidos, isso significa uma espécie de trucidação do ritual "fonduelístico", já que se trata de comer, numa única noite, uma rodada de fondue de queijo, outra de carne, arrematando tudo com um de chocolate. O de queijo até que é bom, embora faltasse sabor à mistura (faltou alho e kirsch) e os queijos não fossem lá aquela maravilha. O de carne estava bem razoável, mesmo porque o básico são os molhos (e havia uns dez potinhos de molhos diferentes - provei quase todos). O de chocolate podia ser melhor se eles limitassem as frutas a apenas duas: morango e banana. Definitivamente, melão, laranja, mamão e kiwi não combinam com chocolate. Mas o ponto alto da noite era o cantor da casa. Acho que ele devia ser amigo, irmão, camarada, cunhado ou credor do dono. Ou o próprio dono. Ele se acompanhava de um sintetizador mal tocado e desfilou, nas duas horas que ali ficamos, um vasto e eclético repertório de canções. Em inglês, francês, espanhol e português. De Elton John a Tom Jobim. E assassinou todas elas. Todas. O sujeito não alcançava notas agudas, não chegava aos tons graves, mastigava as letras em idioma estrangeiro e pronunciava alguma coisa ininteligível quando o repertório era em português. O cara era tão ruim que seria capaz de errar o tom até pra tocar a campainha de casa. Ainda bem que não estragou o jantar. Mas foi por pouco.