19 de outubro de 2010

Poema

"Das diferenças"

Quando tu me olhas e procuras o dia
Nada vês senão becos em noite envoltos;
Mas quando te procuro à luz da manhã
Encontro apenas teus cabelos em fuga
E um mar de algas verdes a esconder
Teu corpo e teu pensar, que pisam
As pétalas que teimo em lançar em tua estrada.
E como um astro tu me queimas distraída
E te contemplo sem conter o entusiasmo
Que tão logo te fala tão logo se apaga
No desencontro de nossas línguas que se tocam
Mas se desgarram em algaravias e desvios,
Assim como tua pele se retesa na saliva,
Como minha noite se descamba em teu dia,
Como o que digo nunca te fará sentido,
Assim tuas sombras não vejam em mim abrigo.