10 de maio de 2011

Beco sem saída

Pode ser a idade, o fim do mundo ou coisa pior, mas tenho percebido que mais e mais pessoas, de qualquer idade, sexo, religião, classe social e posicionamento ideológico têm escrito cada vez mais pior. Não vou dar uma de profeta do óbvio e dizer que isso é culpa disso ou daquilo, porque simplesmente não pode ser. Quando eu era jovem (sim, já tive essa doença), as HQs e a televisão seriam responsáveis pelo emburrecimento de minha geração. Não que eu me considere o máximo em termos de inteligência (ok, admito que acho sim), mas na comparação com o maremoto de asnos que trotam por aí, acho que estou no patamar das sumidades geniais. Mas se formos ficar somente no terreno redacional, é impressionante o quanto há de gente que não consegue escrever três linhas sem cometer ao menos oito impropriedades. E não me refiro a questões ortográficas ou de pontuação somente. É tudo: ideias que não se concatenam, frases que não mantêm qualquer ligação com as demais, de modo que tudo vira aquela maçaroca de afirmações descoladas umas das outras. Esse pessoal que tenta escrever alguma coisa hoje parece uma mistura de lula com a dilma: se você prestar realmente atenção, verá que não há nada lá. Talvez seja isso; o embotamento de qualquer forma de inteligência fazia parte do plano petista de tomada do poder. Mas acho que nem eles chegariam a tanto.
Verdade é que chegamos a um ponto em que não dá mais. Não vejo solução a médio ou longo prazo. Talvez um longuíssimo prazo. Uns 200 anos. E mesmo assim, vai ser pouco para consertar o estrago. Não, a culpa não é da internet ou dos cantores de hip hop ou do cacete a quatro. A culpa é de quem achou que escrever é questão de botar as ideias no papel ou na boca e sair por aí escrevendo ou falando/cantando. Não, povo, a coisa não para aí. É preciso também ter as tais ideias. É preciso também saber ordenar essa barafunda de coisas que surgem na cabeça. É preciso dominar as palavras e os mecanismo que regem a relação entre elas, e não deixar que elas levem você. E isso exige estudo, trabalho, dedicação. Justamente aquilo que "tudo isso que aí está" ensinou que não é para se fazer.