21 de agosto de 2007

Um poema

"Nada de importante"

Você abre a porta de casa
E um cadáver lhe dá bom-dia.
Um odor de ferro e chumbo
Derrete o asfalto ao nascer do sol.
Um fulano fodido - e você dormindo
Depois de horas e horas de trabalho
Ou de falta dele, contando o que resta
Para lhe tirarem o prato e o teto.
Porque é isso mesmo:
Deus não existe, ou morreu,
Ou sequer sabe de sua existência.
E, seja como for, você é tão importante
Quanto o fiapo de baba que escorre
Da boca do cadáver que lhe dá bom-dia. Você pensa nisso
No justo momento em que um ônibus desgovernado
Faz paçoca de seus miolos.