Blogue de um pretenso poeta, intelectual de cafeteria, reclamão de todas as horas e professor de Literatura por profissão (e, dizem, talento). Poemas e exercícios narrativos, crítica de cultura e maledicências ligeiras em tom farsesco. Tudo aqui é mentira.
18 de março de 2009
Para não ficar em branco 3
Já disse o quanto gosto de dar aulas de Literatura? Não sei se as pessoas entendem minimamente minhas elocubrações estético-ideológicas, mas vou em frente, discutindo o dualismo na poesia de Álvares de Azevedo, o conflito entre história e mito na obra de Gonçalves Dias etc. De quando em quando olho a cara das pessoas para ver se alguém pegou no sono. Na segunda-feira, ninguém - mas uma moça saiu (antes) com cara mal-humorada. Diga-se de passagem que ela ficou com a mesma cara o tempo todo. Acho que era TPM, mas de repente ela não gostou muito de ver seus poetas prediletos serem massacrados, vai saber. Mas eu também cansei de tentar entender essa gente. Retificando: é que já entendi demais, e o que descobri não é nada que encha de orgulho a humanidade. Mas mesmo assim continuo gostando muito de dar aulas de Literatura. É um dos poucos momentos de minha vida presente em que me sinto menos mal.