2 de abril de 2009

Reflexão irrefletida - 5

Os "especialistas" desatavam a dizer, anos atrás, que o uso de walkman (e seus similares) representava o caráter de isolamento característico da cultura pós-moderna (ou coisa do tipo), e que isso era negativo, já que apontava para um mundo individualista e coisa e tal. Pois bem, passados pouco mais de dez anos, a última moda é carregar celular ao pescoço emitindo notas distorcidas de variações dos grunhidos praticados pelos homens das cavernas. Ou nhéns-nhéns-nhéns do funk-fuck, o que dá no mesmo. E a porcaria vem em tão alto volume que é possível ouvi-la mesmo na balbúrdia dos ônibus. Quer dizer: não basta ter mau gosto; há de se compartilhá-lo com os demais. Depois dizem não saber os motivos do aumento da violência urbana. Celular no pescoço, e com música (sic) alta é um deles.

Adendo: no ônibus, ontem, entrou o louquinho do transporte coletivo. Sabe, sempre tem um desses justamente naquele em que você está. Eu sentado, o vivente parou de pé, um pouco atrás de mim. E, como todo louquinho, falava sozinho. Às vezes ficava em silêncio, para logo voltar à ladainha sem sentido. Mas havia uma coisa recorrente, que era o verso inicial de uma canção (cuja autoria desconheço e quero continuar assim): "Estou aqui pra te agradar...". O resto não captei, já que o louquinho, a partir daí, mastigava as palavras, diminuía o volume e retornava à fala desarticulada. Vou dizer uma coisa: o infeliz, além de mala, ainda era gozador. Pena que eu não achei engraçado.