30 de agosto de 2007

Rapidíssimas II

- Quem disse que o trabalho enobrece o homem nunca deve ter trabalhado na vida. Ou era um tremendo gozador.
- O que leva um pobre-diabo a fingir que está falando ao telefone celular, simulando recusar uma proposta de trabalho ou uma entrevista para um jornal? Isso, no meu tempo, era falta de sexo. Mas, claro, no "meu tempo", não havia celulares...
- Ventos novos sopram nesta terra desolada. Mas só levantam uma poeira dos infernos...
- Faz frio, faz calor, faz frio de novo. Num país como o nosso, nem mesmo o clima escapa da esquizofrenia generalizada.

29 de agosto de 2007

Lembretes

- Tudo o que se escreve aqui é mentira.
- Se eu pudesse recomeçar, faria tudo errado novamente.
- Qualquer decisão que você tenha de tomar resultará em algum tipo de desgraça. Cedo ou tarde.
- Entre a dignidade e a sobrevivência, fique sempre com a segunda, pois a primeira não compra caviar.
- Contra todas as evidências, reitere que você está sendo vítima de uma conspiração. O problema é se não houver evidências. Neste caso, a condenação é certa.

27 de agosto de 2007

O que realmente conta

Conselho materno: "você deve encarar as coisas de modo mais positivo, para não atrair mais negatividade..." Gostaria de acreditar nisso, mas, sinceramente, não tem como. Mas digamos que eu caísse nessa. Decerto que tudo mudaria: eu não seria mais explorado, não seria mais vilipendiado, não seria mais sacaneado. Teria um emprego legal, com salário digno (ou um trabalho compensador do ponto de vista financeiro e pessoal). Pagaria impostos justos, que reverteriam numa sociedade melhor, em ruas pavimentadas, hospitais públicos decentes, escolas idem. Não teria medo de voltar para casa à noite, pois teria segurança. Até os fdps que insistem em cruzar meu caminho iriam cuidar de suas vidas plantando batatas ou cenouras (estas últimas, talvez mais condizentes com suas próprias frustrações). Teria uma sobra todo mês que me permitiria, uma vez por ano, viajar e descansar. Não teria dores nas costas, estresse, irritações de pele e de nervos. Claro que, para isso, teria de arrumar o tal emprego - que não existe -, trabalhar feito um condenado 16 horas por dia, inclusive sábados e domingos, ganhar uma úlcera e um probleminha no coração, para quem sabe um dia poder usufruir de uma aposentaria merrequenta - isso se eu não for dispensado antes, a pretexto de algum corte de custos. Vamos todos começar a pensar positivamente, então. Assim: 1, 2 e... 3! Sentiram a mudança? Pois é, nem eu.

21 de agosto de 2007

Um poema

"Nada de importante"

Você abre a porta de casa
E um cadáver lhe dá bom-dia.
Um odor de ferro e chumbo
Derrete o asfalto ao nascer do sol.
Um fulano fodido - e você dormindo
Depois de horas e horas de trabalho
Ou de falta dele, contando o que resta
Para lhe tirarem o prato e o teto.
Porque é isso mesmo:
Deus não existe, ou morreu,
Ou sequer sabe de sua existência.
E, seja como for, você é tão importante
Quanto o fiapo de baba que escorre
Da boca do cadáver que lhe dá bom-dia. Você pensa nisso
No justo momento em que um ônibus desgovernado
Faz paçoca de seus miolos.

20 de agosto de 2007

Já encheu

Mas não é que, de repente, voltamos a ser uma ilha de paz no meio da turbulência?
Longe de imaginar que isto aqui vai melhorar um dia. Não vai nunca. E não adianta ir pra esquerda ou pra direita. Nem aderir ao "Cansei", ao "Cansamos", ao "Caguei" ou a que verbo vocês quiserem. A sociedade nunca esteve tão explicitamente dividida (na verdade, sempre esteve, mas os últimos anos foram pródigos em desfazer a ilusão - o que pode ser bom ou um desastre). Ou você faz parte da curriola, ou você é faz parte da "direita golpista". Ou você está conosco ou está contra nós. Há os que se locupletam, há os que assumem a esquizofrenia. Não nos permitem ficar à meia-luz, ou à meia-sombra, sob a acusação de que a neutralidade ou o exercício da crítica apartidária são atitudes vis. Da minha perspectiva, estamos na merda, que fede do mesmo jeito não importa o matiz político do emissor. Desconfio de um movimento que se diz "apolítico" (se é um movimento contra qualquer coisa, já é político), mas me dou o direito de rejeitar um outro que se diz "das massas", mas que enriquece seus líderes, e isso pra dizer o mínimo. Nunca na história vivi tamanha desesperança, mais que isso, anomia. Não tenho vontade sequer de ter alguma vontade. E estou aqui, sentado, esperando que a morte me pegue e me poupe o trabalho de agir em nome dela. Mas acho que nem isso vai acontecer.

15 de agosto de 2007

O horror, o horror...

Detesto cachorros. Aliás, acho que qualquer espécie animal cuja boca tenha abertura suficiente para levar minha mão embora deveria ficar do lado de dentro da jaula. Não é isso, porém, que me faz odiá-los. O problema dos cães é que eles são submissos ao ser humano - a pior espécie viva deste planetinha em que tentamos existir. É até plausível dizer que tenho ojeriza maior aos donos que aos cachorros propriamente ditos. Quem, em sã consciência, pode achar um pitbull "bonitinho"? Ou um buldogue? Ou uma dessas bolas de pêlo cujos latidos ultrapassam qualquer nível decente de decibéis e fazem seu cérebro doer como se uma agulha o estivesse atravesando? Se não fosse passível de processo criminal, minha vontade seria praticar futebol com cachorros fofinhos e peludos. E tiro ao alvo com os grandes.
Dito isso, se existe uma coisa que me revolta as vísceras é ver o que muita gente considerada mais decente que eu faz com seus bichinhos de estimação tão logo eles começam a se tornar estorvos: abandonam os animais por aí. Isso quando não os matam de fome ou doença. Enquanto o danado do bicho for bonitinho e coisa e tal, tudo bem. A partir do momento em que ele passa a roer móveis, sapatos e a fazer suas necessidades pela casa, rua! Ninguém se lembra de que estão tratando com um ser vivo, que sangra e sente dor. Oras, é só uma "coisa" mesmo, não é? Essa irresponsabilidade, somada à total ausência de sentimentos, é que me enoja. Mas alguém aí liga para o que acontece com quem não pode(mais)falar?

13 de agosto de 2007

Comentário atônito

Quem ainda acha que o mundo tem conserto deve urgentemente ler as páginas de Cultura dos jornais diários. Há um universo de acontecimentos de bastante relevância: cursos, palestras, saraus, lançamentos de livros etc. Só que nada disso aparece nos ditos órgãos de imprensa. Ou muito pouco. Na maior parte dos casos, as notícias sobre livros (só para ficar num dos meus campos de atuação) limitam-se a notinhas de rodapé cujos textos já estavam prontos nos releases enviados pelas editoras. Quando há uma resenha mais encorpada, é sempre de um autor que não precisa daquela resenha, a qual, no mais, dificilmente escapa do ramerrão impressionista sob disfarce técnico. Agora, infinitamente pior do que isso, só mesmo aquele texto em que o sujeito não tem NADA para comentar, fica dando voltas em torno de platitudes e lugares-comuns, e enche o espaço que falta (dois terços do total) acusando a crítica e os escritores de fazerem exatamente aquilo que ele, o resenhista, faz: propaganda de si próprio, autoproselitismo, aversão a quem pensa diferente. Não fosse o caderno de empregos, era o caso de pedir o cancelamento de todas as assinaturas dos jornais que leio.

9 de agosto de 2007

Resumo rápido

Semana difícil: nenhum trabalho novo, nada de grana na conta corrente, que já ameaça entrar no vermelho outra vez. E nenhuma perspectiva à vista. Muito menos a prazo. E ainda tem a amigdalite, que resolveu ficar mais um pouco e pediu outra intervenção, desta vez com injeção de Bezetacil, aquela maravilha. E mais três dias de antibiótico, antiinflamatório e mais outro medicamento que eu preferi nem perguntar pra que servia. Tem certas coisas que é melhor desconhecer mesmo. E houve o curso que era pra começar esta semana, mas só teve a primeira aula, e que só deve ser retomado em setembro. Muita gente que havia planejado ficar livre em outubro vai ter de repensar a agenda. Por fim, a corrida atrás de documentos e quejandos pra outra burocracia que vai redundar em nada. O problema é que - como diz o Zé Simão - "quem fica parado é poste", e ficar só reclamando não vai levar a lugar algum muito menos. Então, vale tirar o traseiro do sofá, como diria nosso impoluto chefe da Nação, e "correr atrás do prejuízo"...
De quebra, fiquei até agora dando aula e perdi o lançamento da Fósforo, do meu dileto parceiro Claudinei, dono do site Desconcertos. Outra lástima!

8 de agosto de 2007

Um capítulo de um livro vindouro

Preciso corrigir esse defeito. Não é nada para se envergonhar, mas as pessoas não entendem o que eu digo, tenho de repetir, me repetir, eu que odeio isso mais que tudo, mais que o fato de eu usar óculos e ter a cara cheia de espinhas. Vou falar, então as palavras saem enroladas, umas sobre as outras, como putas de filme pornô, aí a pessoa me olha com aquela expressão de quem acha que você sofre de algum problema mental, então tento me explicar e o que consigo é manchar a roupa da pessoa com perdigotos e ver o riso amarelo e o cara enojada que ela faz antes de se afastar como se eu tivesse alguma doença contagiosa. Nada para me envergonhar, mas eu preciso corrigir ese defeito antes que me tomem por demente. E eu não sou. Tenho apenas esse defeito, um nada, que projeta meu maxilar inferior para além de seu eixo e me confere um ar meio agressivo. É másculo, mas em mim é defeito. Um defeitinho. Fora isso, sou perfeito. Minha mãe concorda comigo, tanto que vai me ajudar a pagar a operação. Daí todos terão de me agüentar falando o que me ter na telha. Não vejo a hora.

Ainda à beira da morte

Ou nem tanto. Mas a amígdala continua inchada, o que é mau sinal - ou seja, complicações advirão em breve. Menos mal que a temperatura do corpo baixou, o que pelo menos me permite sair à rua sem sentir frio com os termômetros marcando 26 graus. Se eu acreditasse nisso, diria que é praga. Mas é estresse mesmo. Do jeito que a coisa vai, acho que o melhor será pegar uma fazenda bem grande (se é que vai sobrar alguma depois que o MST finalmente implantar sua moderna política agrária) e carpir o mato até as mãos criarem calo (o que não vai demorar muito...hehehe!). Depois, criar uma sociedade alternativa, onde eu possa compor muitos rocks rurais, com meus livros, meus CDs e nada mais (bom, vale uma geladeira, uma TV a cabo, ar condicionado, banheiro limpo...). Pensando bem, vamos voltar à desgraceira cotidiana.

6 de agosto de 2007

Notícias do "front"

Claro que eu não podia passar um ano sem contrair uma amigdalite brava. Pois é: febre, garganta doendo, a sensação de que passaram um rolo compressor sobre você... Acompanhando o pacote, a dor renitente nas costas - indício claro do que será minha fase decrépita. Antes de cair doente, porém, escrevi alguns pequenos textos. Só não os publico hoje porque a preguiça e a leseira andam demais...